sábado, 3 de janeiro de 2009

Espelhos


Espelho I

Samuel pendurou a moldura na parede, logo a frente da porta.
Afastou-se com os olhos fixos nela...
A porta se abriu e Annie entrou. Sam suspirou:
- Lindo! Uma obra de arte!
- O que está fazendo? – perguntou a vampira.
- Admirando uma obra de arte, ora.
- Mas... Isso é um espelho...
- Que está refletindo você.

Espelho II

Baltazar pendurou a moldura na parede.
Depois, afastou-se, observando o trabalho, virando a cabeça ora para a direita ora para a esquerda.
- Lindo!
Holl aproximou-se dele e perguntou:
- O que está fazendo?
- Apreciando uma obra de arte do melhor ângulo possível.
- Mas... Isso é um espelho!
- Eu sei! E ele mostra o mais belo dos retratos: o meu!

Espelho III

Walter pendurou a moldura na parede e se afastou lentamente.
Serena abriu a porta e entrou no quarto.
- Ah... Oi Evie.
- O que está fazendo?
- Redecorando.
- Mas... Isso é um espelho.
- Eu sei. – ele se afastou mais um pouco – Mas ou eu comprava, ou o vendedor me enchia de porrada.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Meninas

Esse conto é a verdade parte de um outro bem maior - seria o primeiro capítulo - e trata-se da apresentação das quatro primeiras Nights verdadeiras, quando ainda eram crianças - e já quatro pestes maravilhosas.

Espero que gostem e por favor, odeiem a Paula...

Roupas

- As mãos!
Patrícia, Paula, Hellen e Serena estenderam as mãos e levaram, sobre as palmas pálidas, um golpe com a pesada régua de madeira.
Nenhuma das quatro se permitiu emitir qualquer som.
As freiras repetiram o castigo mais três vezes, depois mandaram as garotas para a cama sem jantar.
Assim que chegaram ao quarto, Hellen soltou um grito de dor e Serena jogou-se na cama, soluçando. Patrícia e Paula, as duas mais velhas, tinham nos olhos lágrimas mistas de ódio e dor.
Paula sentou-se no chão:
- É o fim! Acabou!
- Não é nada disso. – Patrícia ajoelhou-se de frente para a irmã gêmea e secou-lhe as lágrimas com as mãos – Fomos apenas atrapalhadas por alguns detalhes...
- Patrícia, nós vamos apodrecer nesse maldito convento! Somos prisioneiras nesse lugar!
- Vamos conseguir sair daqui. Você vai ver...
- Nós não vamos conseguir! – Paula ergueu-se e empurrou a irmã – Não com essas duas inúteis em nossas saias!
- Paula, temos que ficar juntas...
- Juntas?! Patrícia, você não percebe?! Nossas vidas dependem...
- Não quero ouvir essas...
A porta do quarto se abriu e mais duas meninas órfãs entraram, olhando para as irmãs Willianson de modo desconfiado.
Hellen pegou Serena no colo e a abraçou, a caçula ainda chorava baixinho:
- Por que ela está chorando? – perguntou a mais jovem das duas garotas.
Os olhos de Paula brilharam ameaçadoramente:
- Porque ela é uma inútil e morrerá em breve.
- Paula! – Hellen e Patrícia gritaram ao mesmo tempo, enquanto as outras três garotas no quarto se encolhiam.
- O que houve? – Ela olhou para Patrícia de modo desdenhoso – Eu não disse que eu a mataria.
***

- E quando terminarem essas há mais uma trouxa na sala de orações! E não esqueçam de retirar as toalhas de mesa e as cortinas da capela!
- Sim, Madre Superiora.
- Quero tudo em perfeitas condições e nada de tentarem fugir, ou serão severamente punidas!
- Sim, Madre Superiora.
- O Governador chegará após a siesta e quero as quatro prontas para recebê-lo!
- Sim, Madre Superiora.
- Ótimo! Agora, ao trabalho!
Paula e Patrícia arrastaram as quatro imensas trouxas de roupas sujas para os tanques, enquanto, Serena e Hellen os enchiam com água tirada de um poço.
Patrícia parecia chateada. Observava os movimentos da irmã caçula, mas aos oito anos de idade, Evellin mal podia agüentar o peso de um balde cheio d’água!
- Serena, quer ajuda?
- Não Patty, gracias – respondeu ela, o rosto afogueado pelo esforço.
Hellen estava enchendo o tanque de Paula. A menina era bem forte e trabalhava bem rápido – para não dar tempo da irmã mais velha reclamar.
Paula observava o trabalho de Serena com visível desdém:
- Se ela continuar assim, só sairemos daqui quando anoitecer!
A caçula sentiu que suas orelhas queimavam. Patrícia encarou a irmã gêmea e retrucou:
- Faça sua parte que fazemos a nossa.
Patrícia pegou outro balde e pôs-se a ajudar a irmã. Paula bufou e voltou-se para seu próprio tanque.
Lavar todas as roupas do orfanato...
Era isso que ganhavam por seguir os planos de Patrícia e não afogar aquele demônio de olhos de vidro com suas próprias mãos.
Ela gostava de Patrícia e Hellen, gostava delas de verdade! Mas elas estavam sempre em seu caminho!
Humpf! A única coisa que restava à Evellin era um buraco frio no chão e os vermes por lhe fazer companhia!
Uma freira observava as meninas a distancia e percebeu o olhar maligno que Paula soltava na direção da irmã mais nova.
Benzeu-se e murmurou uma prece silenciosa.
Eram filhas do diabo! As quatro haviam sido entregues aos cuidados do orfanato há dois anos. Eram filhas de uma moça inglesa com um... Ser... Um monstro demoníaco.
As meninas também eram demoníacas.
Liam e escreviam em mais de um idioma com perfeição, mesmo com tão pouca idade! As gêmeas, Patrícia e Paula eram dois verdadeiros diabos! Idênticas fisicamente, ardilosas e astutas. Paula, de uma crueldade assustadora, Patrícia de uma frieza arrepiante! Hellen era anormalmente forte e vigorosa para uma menina de doze anos... E Serena... Possuía aqueles olhos de vidro - ou seria diamante? - que eram capazes de paralisar com uma magia desconhecida....
Benzeu-se novamente.
As quatro raramente ficavam doentes, mesmo durante a época das gripes... Mas o mais fantástico, fora sem dúvida quando o orfanato enfrentara uma epidemia de piolhos: Nenhuma das quatro teve qualquer problema, os piolhos morriam assim que provavam o sangue das meninas.
¡Hijas del diablo!
- Pronto, Patrícia! O tanque está cheio!
Patrícia sorriu para a irmã:
- Muito bom! Agora, me ajude com essas roupas. Vamos lavar tudo antes que aquelas idiotas voltem.
Serena assentiu e começou a ajudar a irmã com a trouxa de roupas.

domingo, 9 de março de 2008

Annie e Serena

Essas são minhas duas filhinhas mais queridas e que por alguma razão, começaram a se dar bem sem ordem alguma.
Espero que gostem.


Pelas Lágrimas de Alguém


Samuel respirou fundo e olhou para a vampira. Ela nem ao menos levantava os olhos... Era como uma punhalada no peito, vê-la daquele jeito:
- Seus ferimentos já estão quase que completamente curados, Serena. Isso é ótimo, não?
- Claro.
Poxa, por que era tão difícil consolar alguém?
Sam abriu a boca para falar, mas desistiu antes de emitir qualquer som.
Recolheu suas coisas e saiu do quarto.
Talvez, Annie tivesse um pouco mais de sorte...
***
Samuel entrou no escritório da esposa. Annie arrumou os óculos sobre o nariz e perguntou:
- Como ela está?
- Quase catatônica. Os ferimentos se curaram com uma velocidade assustadora, mas...
- Ela se sente culpada pala morte dele.
- Hum... Você devia ir falar com ela, meu amor.
- Eu?! Por que eu?!
- Annie, ela está muito mal... Não custaria nada... Além do que, mulheres lidam melhor com essas coisas.
Ela o encarou por um instante... Certo, iria até lá.

***
Annie entrou no quarto de mansinho.
Serena olhou-a com os olhos azuis mais parecendo vidro. Estava linda, mas sua beleza era tão triste que dava medo de olhá-la.
- ¡Buenas noches!
- Buenas. – respondeu Serena.
Ela voltou-se para a janela. Annie ficou parada por alguns instantes, olhando-a. Depois, aproximou-se e sentou-se ao lado dela na cama:
- Samu me contou que seus ferimentos já estão praticamente curados! Fico muito feliz! Amy levou Ricardo para...
- Annie, você me odeia?
- Não – respondeu ela após alguns instantes – Por que...
- Mas já odiou, não?
A vampira mais jovem ficou sem saber o que responder por alguns instantes, mas depois, optou por ser sincera:
- Já. Já a odiei, mas isso foi antes.
- Por quê?
- Não gostei do jeito que você conduziu as coisas com Baltazar e Hector. Achei egoísmo. Eu te achava uma imbecil... Mas você é só ma meio imbecil.
Serena sorriu meio de lado e não disse nada. Annie não esperava outra reação da parte dela.
- Evie, você está bem?
- Partirei amanhã, Winchester.
- O que?! Por quê?!
- Não... Não quero parecer ingrata, pois você e Samuel foram muito gentis esse tempo todo que estive aqui e sou muito grata por tudo, mas... Eu agradeço Annie, mas já incomodei demais... Meus documentos novos estão prontos e acho... Acho melhor ir...
- Ninguém está te expulsando!
- Longe de mim dizer isso! Eu sei muito bem! Mas preciso ir... Não há mais motivos para que eu continue aqui.
- Pra onde você vai?
- Qualquer lugar.
Annie sacudiu a cabeça.
O que ela estava tentando provar?
- Sua idiota! Está querendo provar o que pra quem?!
- Winchester...
- Você é muito covarde! Do que está com medo, afinal? De que todos comecem a culpá-la pelo que aconteceu? Tem medo de ser culpada pela morte de Walter? – Serena encolheu-se ao ouvir o nome dele – É ridículo!
Evellin virou o rosto para a janela.
- Você não sabe o que está dizendo.
- E você não sabe o que está fazendo. Está fugindo... Humpf! Eu antes te achava um lixo, mas pelo menos era um lixo de coragem! Agora... Está mais parecendo uma humana covarde!
Annie olhou-a:
Nenhuma reação.
Sentiu-se aflita por Evie.
Droga!
- Isso é muito estúpido, Evellin! Nem sei o que Walter viu em você... Covarde como é, não é de admirar que o tenha deixado morrer.
- CALE-SE, IMBECIL! - Serena voltou-se para Annie violentamente.
A outra saltou pra trás ao ver os olhos, de Evellin, completamente vermelhos de fúria.
Perfeito. Consegui tirá-la daquele maldito torpor!
- Imbecil! Você não sabe o que está dizendo! Não sabe nada sobre mim... Não sabe nada sobre Walt... Cale a boca, droga!
- Evellin...
- Ele morreu por minha culpa, e eu sei bem disso... Se eu não tivesse despertado... Se eu não tivesse deixado que ele me convencesse a... Gostar dele. Eu o amava. É culpa minha!
- Não, não foi nada disso! Serena, olhe para mim!
A outra vampira ergueu a cabeça e olhou para Annie.
Ela é apenas uma menina... Que droga! Não importa o quão secular ela seja, continua sendo uma criança!
- Eu o amava, Annie. Desculpe-me.
- Está se desculpando pelo que?
- Se eu não fosse tão fraca...
- Pare com esses “se”!
- Mas ele poderia estar bem! Vivo. Feliz.
Annie sacudiu a cabeça. Aquilo era comovente. Mas jamais teria imaginado Serena dizendo coisa semelhante...
- Evellin, você não teve culpa de nada. Ninguém teve. Marcelle nos enganou e...
- Você não o viu com os dedos quebrados. Você não o ouviu agonizar, Annie, nem provou seu sangue para tentar salvá-lo... Talvez transformá-lo... Mas eu não consegui... Tinha um gosto amargo... Foi horrível.
Havia lágrimas nos olhos dela e Annie não sabia o que dizer ou fazer para consolá-la.
Ela tirou os óculos e passou a mão pelo rosto:
- Você gostava mesmo dele, não?
Serena assentiu e voltou-se para a janela. Estava chorando. Como uma criança.
Annie a abraçou:
- Não chora...
- Cala a boca!
A mais nova sorriu consigo mesma.
Tudo bem, ela ficaria calada. Se era de silêncio que Serena precisava, silêncio ela teria.
O choro de Evellin era extremamente doído, e por pouco Annie não a acompanhava. Gostava de Walter e estranhamente estava começando a apegar-se à Evellin:
- Eu dormi com ele... O destruí... Não posso tocar em ninguém – ela soluçou – sou maldita.
Annie puxou o rosto de Serena e a obrigou a fitá-la.
- Bobagem. Está falando bobagens! Ele também a amava e preferiria mil vezes a morte que teve do que viver cem anos sem ter você.
Annie lembrava-se de quando Walter era um garoto e vira pela primeira vez o retrato de Serena...
- Quem é essa, Ema?
- Essa é Evellin Nights. Uma vampira do século XVIII.
Walter ficara parado por um instante, depois dissera:
- Ela é linda...
Serena estremeceu:
- Eu preferia nunca tê-lo conhecido.
- Mentirosa – Annie soltou o rosto dela, mas Evie permaneceu olhando-a – Você sabe que isso é mentira. Ora, não vou mais te consolar: Você está agindo como uma idiota e se eu a consolar, ambas estaremos agindo como idiotas!
Serena sorriu:
- Que coisa ridícula de se dizer...
Annie a abraçou como faria com uma irmã mais nova:
- Se você soubesse quanta coisa ridícula eu já ouvi...
Serena encostou a cabeça no ombro dela e recomeçou a chorar.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

I Will Survive...

Esse é um dos capítulos mais insanos da saga "Filhos das Trevas"...
E após lerem, todos terão certeza disso.

I Will Survive
Scott conectou o último cabo. Era nosso quarto dia na Ilha da lua e a chuva batia com força nos vidros do Palácio. Balt e eu tínhamos passado os últimos dias estudando o diário de Salazar. Aparentemente, o pirata odiava seu “passageiro ilustre”, isso é: meu avô.
Ele relatava com incrível exatidão e detalhismo, os horríveis banquetes que meu avô fizera de alguns prisioneiros que ele levava no barco. Era horrendo até mesmo ler aquilo. Depois, vovô matara um a um os marujos de Salazar, em frente ao capitão que suplicava pela vida de seus companheiros.
“Não me importo com minha vida, escrevera ele, desde que com ela possa acabar com aquele monstro. Ele matou a todos. Ele destruiu tudo. Deixou-me por último para que eu visse o sofrimento de meus irmãos, amigos e companheiros. Mas tudo bem, que seja feita a vontade de Deus, e que Ele puna aquela criatura horrorosa. Adeus Gracielle. Adeus Maira. Amo vocês”.
- Pensei que vovô fosse o senhor da virtude. – falei.
A chuva lá fora estava cada vez mais intensa.
- Ele é um idiota. Ao menos isso prova que ele é realmente nosso parente.
- Holl, Balt, venham cá! – Diana nos chamou e descemos para ver o que estava acontecendo.
Scott e Fillipe estavam instalando um equipamento de som com várias caixas acústicas. Ricardo apareceu com dois microfones.
- Só encontrei esses dois, Scott.
- Tudo bem, esses servem.
- O que vocês estão fazendo? – Perguntei.
- Duas palavras: - disse Fill – Kará - okê
- Ahn...
- Vamos fazer um concurso de talentos. – Falou Rick. – A gente não tem nada pra fazer mesmo, e tá uma chuva danada.
- Isso sem falar – disse Scott coçando a cabeça – Estamos querendo tirar alguém do quarto... Coisa feia Ricardo.
Rick corou até os fios de cabelo:
- O que, eu só tô brincando... – Scott conectou os microfones – Cadê o resto do povo?
- Aqui. – Marta e Evellin chegaram com uma bacia de pipoca.
- Quem vai começar? – Perguntou Hector.
- Vamos fazer um sorteio! – Falou Rick.
- Não o Scott e o Fill começam.
- Beleza – Fill ligou o som – I’m not dog no...
- Cala a boca Fillipe! – gritou Scott – Vamos... Os mais novos primeiro.
- Nem pensar – falou Di.
- Vamos sortear – falou Hector.
- Beleza – Falou Fill – mas eu queria começar...
- Fica a vontade, então, mano. – falou Scott.
- Esperem cinco minutos.
Ele subiu as escadas em uma velocidade assustadora.
- O que aquele louco vai fazer? – Perguntou Hector rindo.
- No mínimo vai descer as escadas como Carmem Miranda. – disse Scott – O que que a baiana tem?
Fill desceu as escadas com o já conhecido chapéu de cawboy, a palhinha entre os dentes e uma calça de couro:
- É isso aí meu povo. Cheguei eu – Ele arrumou o microfone e começou a cantar com voz fanha:
Toda vez que eu viajava,
Pela estrada de ouro fino
Lá de longe eu avistava
A figura de um menino...
- Céus, o que é isso? – perguntou Diana tampando os ouvidos.
- É um gato fazendo cirurgia de fimose! – afirmou Scott.
- Que isso – falou Hector – É a fimose fazendo cirurgia de gato!
- “A Praça é Deles”, com Hector Daniels. – Resmungou Baltazar.
Toque o berrante seu moço
Que é pra “fica” “orvindo”.

- Chega Fill! – Gritou Marta.
- Mas esse ainda não é o gran finale... Oia só, eu tenho uma “par” de músicas para cantar... Desde Alejandro Sanz até Sidney Magal!
- Jesus Cristo! – exclamou Rick.
- Alguém aí tem uma bengala curva? – sugeriu Scott – A gente puxa ele para trás da cortina e mete o clorofórmio no nariz dele.
- Gostei da idéia – falou Diana – Se não der certo, usem antrax!
- Ai, ai... bando de gente que não compreende talento de um gênio! – Fill tirou o chapéu e fez a dancinha do Elvis – Stop, look and listen baby... I love you, my girls... Thank you, thank you very much.
As gargalhadas foram gerais, Fill é insano! Às vezes ele parece até um pouco gay... só parece porque na verdade...
- Vamos fazer uma banca de jurados!
- Não precisa, o sistema dá as próprias notas.
- Quanto será que o Fill tirou?
O monitor mostrou... 2,5...
- Deve estar quebrado, oras. – Fillipe sentou-se emburrado no sofá.
*** *** *** *** *** ***
O Concurso de Talentos foi sem duvida uma idéia inusitada e divertida, ao menos a meu ver.
Scott recitou uma estrofe de Romeu e Julieta e Evie pareceu sentir-se um tanto contrafeita com isso. Ricardo não pareceu notar nada.
O mais legal, sem duvida, foi ele cantar:
- Pra que mentir fingir que perdoou,
Tentar ficar amigos sem rancor,
A emoção acabou,
Que coincidência é o amor,
A nossa música nunca mais tocou...
Tive que bater palmas para isso, Scott às vezes é tão absurdamente encantador.
Depois ele botou uma peruca e começou a cantar:
- Quero vê-la sorrir,
Quero vê-la cantar,
Quero ver o seu corpo,
Dançar sem parar...
- Em que parte eu entro? – perguntou Marta vestida de cigana e dançando – Oi gente, sou a cigana Sandra Rosa Madalena, o que ‘cês acham?
As gargalhadas responderam essa pergunta.
*** *** *** *** *** ***
- O teu amor é uma mentira,
Que a minha vaidade quer...
E o meu poesia de cego você pode ver...
Não pode ver que no meu mundo,
Um troço qualquer morreu,
Num corte lento e profundo,
Entre você e eu...
– Baltazar pegou minha mão e beijou-a:
-
O nosso amor a gente inventa, pra se distrair,
E quando acaba a gente pensa, que ele nunca existiu...

- Cala a boca, seu exibido! – Joguei uma almofada nele, envergonhada.
- Holl, vem cá – Marta me chamou e fui até ela – Evellin, Di e eu tivemos uma idéia para nossa apresentação bom-bas-ti-ca, mas precisamos de mais duas...
- Eu faço – falou Fill – O que é?
Nem eu sabia, mas a risada das meninas fez com que eu soubesse que não era boa coisa...
*** *** *** *** *** ***
- Acho que as meninas vão fazer Spice Girls – eu ouvi Baltazar falando.
- Acho que não, elas estão com Fillipe, deve ser outra coisa... Ao menos eu espero – acabei rindo com essa do Scott.
Surgimos, lindas, maravilhosas, resplandecentes e todo de bom... Claro que tinha um transformista no meio, mas deixa pra lá...
Toquinho começou e Di foi para frente:
- Eu não quero confessar, eu sei não quero me entregar tão fácil...
- Oba, - gritou Scott – Adoro Rouge.
- Mas você chega devagar,
Com esse jeito de me olhar bem fundo,
E a minha timidez vai embora eu sei...
Te quero pra mim...

Nós cinco em coro, com Fillipe com peruca de cabelo comprido. (no sótão do Palácio tem de tudo, né?)
- Não dá pra resistir,
Ao seu amor,
Você me olha assim, baby eu vou,
Teus beijos só pra mim e o teu sabor,
Não dá pra resistir, preciso ter o seu amor.

Nossa coreografia era fantástica, duas pra frente, três pra trás, três pra frente e... descubram se puderem : duas pra trás!
A melhor parte en la verdad, veio no final, depois do “Na, na, na” característico dessa música:
O solo de Fillipe!
- Eu seeeeeeiii que a força desse amor atrai,
Voceeeeê pra miiiiiiiiim
– enquanto isso ele dava pulinhos e dançava -
Eu voooooouu roubar seu coração,
Com você é pura paixão,
É pura paixããããoooo!

“Nóis” de novo

Não dá pra resistir ao teu amor...

Blá, blá, blá (outra música delas pelo que sei) e continuou a música.
Ao fim, houve uma salva de palmas e uma ovação especial à nossa Mariah Carey:
- Mandou bem Fill! – disse Hector.
- Quer que eu comece a te chamar de “Fellipa” agora? – sugeriu Scott.
- Adorei a interpretação, moça – falou Baltazar.
- É. Já dá pra você dançar no Moulin Rouge! – ria Ricardo
- Ai, vocês são uns idiotas preconceituosos mesmo! – Evellin falou, fingindo-se de zangada – Você foi demais Fillipe!
E beijou-o no rosto. Todas nós fizemos o mesmo: Ele olhou para os garotos, que estavam com cara de pastel mal frito:
- U-hu... I will survive…
*** *** *** *** *** ***
Foi unânime. O troféu do primeiro lugar no Show de talentos Nights foi para... (toque de tambores)... Fillipe Nights:
- Bom... Eu estou realmente surpreso com esse troféu e... oh – ele abanou-se com a mão e olhou para o vaso roxo de tia Marie que Diana entregou com todas as honras do Oscar – Agradeço à varias pessoas... primeiramente aos meus pais que deram origem à essa perfeição que vos fala... agradeço a Ordem inteira, pois sem essa ilustre irmandade, não estaríamos aqui no Palácio, com essa chuva desgracenta, nem preocupados com o Lacre... Agradeço ao Congresso por sua perseguição, afinal, de que outro modo poderíamos ser exilados da Inglaterra? – Não foi possível deixarmos de rir com essas tiradas – Agradeço também às meninas que confiaram em meu trabalho e... Chuif - ele secou uma “lágrima” – Obrigado meninas, eu sei que esse troféu é SÓ MEU, mas é como se vocês tivessem participado da minha conquista. Thank you, Gracias, Obrigado a todos.
Houve uma salva de palmas, porém Baltazar reclamou:
- Por que eu não recebo agradecimentos? Se estamos tão ferrados que precisamos nos esconder, a culpa é minha!
Será que preciso comentar alguma coisa?


N.A.: Eu não disse que era insano?