domingo, 9 de março de 2008

Annie e Serena

Essas são minhas duas filhinhas mais queridas e que por alguma razão, começaram a se dar bem sem ordem alguma.
Espero que gostem.


Pelas Lágrimas de Alguém


Samuel respirou fundo e olhou para a vampira. Ela nem ao menos levantava os olhos... Era como uma punhalada no peito, vê-la daquele jeito:
- Seus ferimentos já estão quase que completamente curados, Serena. Isso é ótimo, não?
- Claro.
Poxa, por que era tão difícil consolar alguém?
Sam abriu a boca para falar, mas desistiu antes de emitir qualquer som.
Recolheu suas coisas e saiu do quarto.
Talvez, Annie tivesse um pouco mais de sorte...
***
Samuel entrou no escritório da esposa. Annie arrumou os óculos sobre o nariz e perguntou:
- Como ela está?
- Quase catatônica. Os ferimentos se curaram com uma velocidade assustadora, mas...
- Ela se sente culpada pala morte dele.
- Hum... Você devia ir falar com ela, meu amor.
- Eu?! Por que eu?!
- Annie, ela está muito mal... Não custaria nada... Além do que, mulheres lidam melhor com essas coisas.
Ela o encarou por um instante... Certo, iria até lá.

***
Annie entrou no quarto de mansinho.
Serena olhou-a com os olhos azuis mais parecendo vidro. Estava linda, mas sua beleza era tão triste que dava medo de olhá-la.
- ¡Buenas noches!
- Buenas. – respondeu Serena.
Ela voltou-se para a janela. Annie ficou parada por alguns instantes, olhando-a. Depois, aproximou-se e sentou-se ao lado dela na cama:
- Samu me contou que seus ferimentos já estão praticamente curados! Fico muito feliz! Amy levou Ricardo para...
- Annie, você me odeia?
- Não – respondeu ela após alguns instantes – Por que...
- Mas já odiou, não?
A vampira mais jovem ficou sem saber o que responder por alguns instantes, mas depois, optou por ser sincera:
- Já. Já a odiei, mas isso foi antes.
- Por quê?
- Não gostei do jeito que você conduziu as coisas com Baltazar e Hector. Achei egoísmo. Eu te achava uma imbecil... Mas você é só ma meio imbecil.
Serena sorriu meio de lado e não disse nada. Annie não esperava outra reação da parte dela.
- Evie, você está bem?
- Partirei amanhã, Winchester.
- O que?! Por quê?!
- Não... Não quero parecer ingrata, pois você e Samuel foram muito gentis esse tempo todo que estive aqui e sou muito grata por tudo, mas... Eu agradeço Annie, mas já incomodei demais... Meus documentos novos estão prontos e acho... Acho melhor ir...
- Ninguém está te expulsando!
- Longe de mim dizer isso! Eu sei muito bem! Mas preciso ir... Não há mais motivos para que eu continue aqui.
- Pra onde você vai?
- Qualquer lugar.
Annie sacudiu a cabeça.
O que ela estava tentando provar?
- Sua idiota! Está querendo provar o que pra quem?!
- Winchester...
- Você é muito covarde! Do que está com medo, afinal? De que todos comecem a culpá-la pelo que aconteceu? Tem medo de ser culpada pela morte de Walter? – Serena encolheu-se ao ouvir o nome dele – É ridículo!
Evellin virou o rosto para a janela.
- Você não sabe o que está dizendo.
- E você não sabe o que está fazendo. Está fugindo... Humpf! Eu antes te achava um lixo, mas pelo menos era um lixo de coragem! Agora... Está mais parecendo uma humana covarde!
Annie olhou-a:
Nenhuma reação.
Sentiu-se aflita por Evie.
Droga!
- Isso é muito estúpido, Evellin! Nem sei o que Walter viu em você... Covarde como é, não é de admirar que o tenha deixado morrer.
- CALE-SE, IMBECIL! - Serena voltou-se para Annie violentamente.
A outra saltou pra trás ao ver os olhos, de Evellin, completamente vermelhos de fúria.
Perfeito. Consegui tirá-la daquele maldito torpor!
- Imbecil! Você não sabe o que está dizendo! Não sabe nada sobre mim... Não sabe nada sobre Walt... Cale a boca, droga!
- Evellin...
- Ele morreu por minha culpa, e eu sei bem disso... Se eu não tivesse despertado... Se eu não tivesse deixado que ele me convencesse a... Gostar dele. Eu o amava. É culpa minha!
- Não, não foi nada disso! Serena, olhe para mim!
A outra vampira ergueu a cabeça e olhou para Annie.
Ela é apenas uma menina... Que droga! Não importa o quão secular ela seja, continua sendo uma criança!
- Eu o amava, Annie. Desculpe-me.
- Está se desculpando pelo que?
- Se eu não fosse tão fraca...
- Pare com esses “se”!
- Mas ele poderia estar bem! Vivo. Feliz.
Annie sacudiu a cabeça. Aquilo era comovente. Mas jamais teria imaginado Serena dizendo coisa semelhante...
- Evellin, você não teve culpa de nada. Ninguém teve. Marcelle nos enganou e...
- Você não o viu com os dedos quebrados. Você não o ouviu agonizar, Annie, nem provou seu sangue para tentar salvá-lo... Talvez transformá-lo... Mas eu não consegui... Tinha um gosto amargo... Foi horrível.
Havia lágrimas nos olhos dela e Annie não sabia o que dizer ou fazer para consolá-la.
Ela tirou os óculos e passou a mão pelo rosto:
- Você gostava mesmo dele, não?
Serena assentiu e voltou-se para a janela. Estava chorando. Como uma criança.
Annie a abraçou:
- Não chora...
- Cala a boca!
A mais nova sorriu consigo mesma.
Tudo bem, ela ficaria calada. Se era de silêncio que Serena precisava, silêncio ela teria.
O choro de Evellin era extremamente doído, e por pouco Annie não a acompanhava. Gostava de Walter e estranhamente estava começando a apegar-se à Evellin:
- Eu dormi com ele... O destruí... Não posso tocar em ninguém – ela soluçou – sou maldita.
Annie puxou o rosto de Serena e a obrigou a fitá-la.
- Bobagem. Está falando bobagens! Ele também a amava e preferiria mil vezes a morte que teve do que viver cem anos sem ter você.
Annie lembrava-se de quando Walter era um garoto e vira pela primeira vez o retrato de Serena...
- Quem é essa, Ema?
- Essa é Evellin Nights. Uma vampira do século XVIII.
Walter ficara parado por um instante, depois dissera:
- Ela é linda...
Serena estremeceu:
- Eu preferia nunca tê-lo conhecido.
- Mentirosa – Annie soltou o rosto dela, mas Evie permaneceu olhando-a – Você sabe que isso é mentira. Ora, não vou mais te consolar: Você está agindo como uma idiota e se eu a consolar, ambas estaremos agindo como idiotas!
Serena sorriu:
- Que coisa ridícula de se dizer...
Annie a abraçou como faria com uma irmã mais nova:
- Se você soubesse quanta coisa ridícula eu já ouvi...
Serena encostou a cabeça no ombro dela e recomeçou a chorar.

Um comentário:

Adriana Rodrigues disse...

# Que bonitinho. =3

# E tão triste. T_T

# Coisa fofa. =3