segunda-feira, 12 de maio de 2008

Meninas

Esse conto é a verdade parte de um outro bem maior - seria o primeiro capítulo - e trata-se da apresentação das quatro primeiras Nights verdadeiras, quando ainda eram crianças - e já quatro pestes maravilhosas.

Espero que gostem e por favor, odeiem a Paula...

Roupas

- As mãos!
Patrícia, Paula, Hellen e Serena estenderam as mãos e levaram, sobre as palmas pálidas, um golpe com a pesada régua de madeira.
Nenhuma das quatro se permitiu emitir qualquer som.
As freiras repetiram o castigo mais três vezes, depois mandaram as garotas para a cama sem jantar.
Assim que chegaram ao quarto, Hellen soltou um grito de dor e Serena jogou-se na cama, soluçando. Patrícia e Paula, as duas mais velhas, tinham nos olhos lágrimas mistas de ódio e dor.
Paula sentou-se no chão:
- É o fim! Acabou!
- Não é nada disso. – Patrícia ajoelhou-se de frente para a irmã gêmea e secou-lhe as lágrimas com as mãos – Fomos apenas atrapalhadas por alguns detalhes...
- Patrícia, nós vamos apodrecer nesse maldito convento! Somos prisioneiras nesse lugar!
- Vamos conseguir sair daqui. Você vai ver...
- Nós não vamos conseguir! – Paula ergueu-se e empurrou a irmã – Não com essas duas inúteis em nossas saias!
- Paula, temos que ficar juntas...
- Juntas?! Patrícia, você não percebe?! Nossas vidas dependem...
- Não quero ouvir essas...
A porta do quarto se abriu e mais duas meninas órfãs entraram, olhando para as irmãs Willianson de modo desconfiado.
Hellen pegou Serena no colo e a abraçou, a caçula ainda chorava baixinho:
- Por que ela está chorando? – perguntou a mais jovem das duas garotas.
Os olhos de Paula brilharam ameaçadoramente:
- Porque ela é uma inútil e morrerá em breve.
- Paula! – Hellen e Patrícia gritaram ao mesmo tempo, enquanto as outras três garotas no quarto se encolhiam.
- O que houve? – Ela olhou para Patrícia de modo desdenhoso – Eu não disse que eu a mataria.
***

- E quando terminarem essas há mais uma trouxa na sala de orações! E não esqueçam de retirar as toalhas de mesa e as cortinas da capela!
- Sim, Madre Superiora.
- Quero tudo em perfeitas condições e nada de tentarem fugir, ou serão severamente punidas!
- Sim, Madre Superiora.
- O Governador chegará após a siesta e quero as quatro prontas para recebê-lo!
- Sim, Madre Superiora.
- Ótimo! Agora, ao trabalho!
Paula e Patrícia arrastaram as quatro imensas trouxas de roupas sujas para os tanques, enquanto, Serena e Hellen os enchiam com água tirada de um poço.
Patrícia parecia chateada. Observava os movimentos da irmã caçula, mas aos oito anos de idade, Evellin mal podia agüentar o peso de um balde cheio d’água!
- Serena, quer ajuda?
- Não Patty, gracias – respondeu ela, o rosto afogueado pelo esforço.
Hellen estava enchendo o tanque de Paula. A menina era bem forte e trabalhava bem rápido – para não dar tempo da irmã mais velha reclamar.
Paula observava o trabalho de Serena com visível desdém:
- Se ela continuar assim, só sairemos daqui quando anoitecer!
A caçula sentiu que suas orelhas queimavam. Patrícia encarou a irmã gêmea e retrucou:
- Faça sua parte que fazemos a nossa.
Patrícia pegou outro balde e pôs-se a ajudar a irmã. Paula bufou e voltou-se para seu próprio tanque.
Lavar todas as roupas do orfanato...
Era isso que ganhavam por seguir os planos de Patrícia e não afogar aquele demônio de olhos de vidro com suas próprias mãos.
Ela gostava de Patrícia e Hellen, gostava delas de verdade! Mas elas estavam sempre em seu caminho!
Humpf! A única coisa que restava à Evellin era um buraco frio no chão e os vermes por lhe fazer companhia!
Uma freira observava as meninas a distancia e percebeu o olhar maligno que Paula soltava na direção da irmã mais nova.
Benzeu-se e murmurou uma prece silenciosa.
Eram filhas do diabo! As quatro haviam sido entregues aos cuidados do orfanato há dois anos. Eram filhas de uma moça inglesa com um... Ser... Um monstro demoníaco.
As meninas também eram demoníacas.
Liam e escreviam em mais de um idioma com perfeição, mesmo com tão pouca idade! As gêmeas, Patrícia e Paula eram dois verdadeiros diabos! Idênticas fisicamente, ardilosas e astutas. Paula, de uma crueldade assustadora, Patrícia de uma frieza arrepiante! Hellen era anormalmente forte e vigorosa para uma menina de doze anos... E Serena... Possuía aqueles olhos de vidro - ou seria diamante? - que eram capazes de paralisar com uma magia desconhecida....
Benzeu-se novamente.
As quatro raramente ficavam doentes, mesmo durante a época das gripes... Mas o mais fantástico, fora sem dúvida quando o orfanato enfrentara uma epidemia de piolhos: Nenhuma das quatro teve qualquer problema, os piolhos morriam assim que provavam o sangue das meninas.
¡Hijas del diablo!
- Pronto, Patrícia! O tanque está cheio!
Patrícia sorriu para a irmã:
- Muito bom! Agora, me ajude com essas roupas. Vamos lavar tudo antes que aquelas idiotas voltem.
Serena assentiu e começou a ajudar a irmã com a trouxa de roupas.

3 comentários:

Kate Sales disse...

Uhuuuu!!!! Meu pescoço tá salvo!!!!
Eu já disse que das quatro, adoro a Patty, a Hellen desce se empurrar com água, a Serena tem que ser com uma dose bem forte de gim e a Paula nem com soda cáustica?
Mas mesmo assim eu amo esse conto - e a continuação mais ainda, ehehehe....
Bjos, e continue postando, viu? Faça o favor de não seguir o meu exemplo!

Jessica Borges disse...

Pô maldade!
"Dose forte de gim"?! A Serena é um amor de menina! Se vc dissesse que a Hellen desce com gim, tudo bem...
Em todo o caso, obrigada pelo comentário... :P
Ah, e eu não sei se o seu pescoço está salvo não...

Kate Sales disse...

Ow, c num tá esquecendo de nada não?
E as atualizações?!?!?!?!?!