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O Julgamento (Desejo de sangue)
Havia vampiros por toda a parte.
Eu, em meus vinte e um anos, nunca tinha visto tantos vampiros juntos!
O braço de vovô passado pela minha cintura era a única coisa que me impedia de fugir. A maioria dos vampiros me olhava com desdém e escárnio.- Eles não sabem quem somos – murmuro meu avô.
Graças aos céus! – pensei – se eles soubessem quem sou, o mínimo contra nós seriam paus e pedras.
Graças aos céus! – pensei – se eles soubessem quem sou, o mínimo contra nós seriam paus e pedras.
Meu avô sorriu:
- Eles pensam que você é apenas uma vampira adolescente acompanhando um dos antigos.
Assenti.
Alguns deles tinham marcas pelo corpo, ferimentos que não cicatrizavam com o deviam. Outros não pareciam ter mais que dezesseis anos, e outros, lembravam árvores retorcidas, com a pele enrugada e o corpo curvado.
- Vovô, todos eles...- São membros sem direito a voto no Congresso. Vieram apenas para assistir ao seu julgamento.
Estremeci.
Os humanos haviam desaparecido das ruas, com certeza na manhã seguinte haveria um imenso registro de pessoas desaparecidas na polícia. Eu mesma, já havia feito um rapaz desaparecer em meio à escuridão.
- Holly, você está com medo?- Estou em pânico. – respondi. Eu tremia da cabeça aos pés. Um
vampiro com apenas um olho leitoso e de pupila vermelha me encarou, sorrindo com dentes imundos – Nós precisamos mesmo...
- É apenas um Sombra, querida, de sangue-puro, mas fraco. Não precisa se preocupar.Tentei não olhar para aquela criatura.
Alguns vampiros, vestidos de negro como eu, me olharam e riram:
- O que essa pirralha está fazendo aqui?- É hora de crianças estarem na cama.
Corei.
- O que essa pirralha está fazendo aqui?- É hora de crianças estarem na cama.
Corei.
Era extremamente desagradável ser tratada daquele jeito, mas eu sabia que o pior ainda estava por vir.
Eles sabiam que eu estava desconfortável, mas ainda não sabiam o porquê, logo, eu estaria diante do júri.
Não muito longe, a massa de vampiros tornou-se mais compacta. Passamos por um grupo de vampiros motoqueiros e por uma freira de longos caninos, e então, chegamos ao nosso destino:
Estávamos em frente ao Parlamento.
***
- Atenção! Atenção! Abram caminho!
Um rapaz passou por entre a massa de vampiros e aproximou-se de nós.
Sorriu ao ver-nos e curvou-se em uma reverência:
- É uma honra, milady. – murmurou ele, para que mais ninguém pudesse ouvi-lo – Senhor Kirian...
- Atendo por Nights agora. – disse meu avô, secamente.
- Atendo por Nights agora. – disse meu avô, secamente.
- Como queira, senhor. – ele me olhou – Já a senhorita, prefere ser chamada de Master, não é?
- Correto. – era muito melhor do que ser tratada por um título que nem ao menos me pertencia.
Ele parecia estar tentando deixar-me menos nervosa, o que me deixou extremamente grata, mas que não estava funcionando muito bem.
- Sou Gabriel Sitien, seu humilde servo.
- Correto. – era muito melhor do que ser tratada por um título que nem ao menos me pertencia.
Ele parecia estar tentando deixar-me menos nervosa, o que me deixou extremamente grata, mas que não estava funcionando muito bem.
- Sou Gabriel Sitien, seu humilde servo.
Hum... Eu não precisava de um servo! Precisava de um chá de camomila!
- Façam o favor de acompanhar-me, sim?
Vovô pegou-me pela mão:
- Não se preocupe, minha querida, vai acabar tudo bem.
Sorri, como meu avô era ingênuo...
***
Rick ouviu o celular tocar:
- Não atende! – disse Evellin beijando-o e puxando-o mais pra perto.
- Pode ser a Holl... Ela saiu com o avô... Evie, isso é golpe baixo!
Ela beijou-o no rosto e no pescoço:
- Então não atende!
O toque do celular era insistente, Ricardo suspirou, beijou Evellin nos lábios e levantou-se da cama:
- Esse barulho está me irritando – ele aproximou-se da mesinha onde estava o celular – Vou pelo menos desligá-lo... É a minha mãe! – Atendeu – O que aconteceu, mamãe?
- Esse barulho está me irritando – ele aproximou-se da mesinha onde estava o celular – Vou pelo menos desligá-lo... É a minha mãe! – Atendeu – O que aconteceu, mamãe?
- Preciso de você imediatamente. Seu pai está por aí? Tentei ligar pra ele, mas...
- Não, eu estou com a Evie, o que aconteceu?
- Perfeito. – resmungou ela – Faça um favor pra mim, sim? Tente acha Scott e Fillipe...
- O QUE ACONTECEU, MÃE?!
A linha ficou em silêncio por um instante.
- Mãe?!
- Desculpe, Rick... A cidade foi invadida por vampiros. Estão indo para o Parlamento. É uma reunião do Congresso.
- Então a Holly....
- Exato. O idiota do meu pai a levou para o matadouro.
- Estou indo para aí.
- Rick, ache Fill e Scott primeiro. Você é humano, meu filho. Esse bando de vampiros...
- Está brincando, não está? Eu sou seu filho!
Ricardo percebeu que do outro lado da linha, Serena sorria:
Ricardo percebeu que do outro lado da linha, Serena sorria:
- Tome muito cuidado, por favor.
- Eu vou tomar, não se preocupe. Já estou a caminho.
Ele desligou, pensando em como contaria a mudança de planos para Evellin...
Prometera que ficaria com ela, mas...
- Eu vou com você – disse ela, terminando de se vestir e pegando um bombom da caixa que ele lhe dera – E não adianta dizer nada, humano.
Ele sorriu de leve.
***
- Hoje, - uma voz fria e metálica soava por todo o salão. Gabriel, vovô e eu estávamos sentados na primeira fila da assistência, todas as cadeiras estavam tomadas e alguns Sombras assistiam tudo espremidos nos fundos do auditório, ou em cadeiras desconfortáveis. – Hoje, um mal imenso será reparado! Hoje, nós, vampiros de verdade, herdeiros do poder das trevas seremos recompensados pela infame descendente dos Kirian por seus atos horrendos de um ano e meio!
Vários vampiros assentiram, me encolhi na poltrona.
- Lady Nights – as palavras soaram desdenhosas - receberá sua punição hoje!Palmas ecoaram por todo o salão. Virei para meu avô:- Não estou gostando disso, vovô. Quero ir embora – soava tão infantil, mas eu não estava me sentindo bem o bastante para argumentar como adulta.
- Não se preocupe. Tudo acabará bem. – Foi Gabriel quem me respondeu.
- Não se preocupe. Tudo acabará bem. – Foi Gabriel quem me respondeu.
Meu avô continuava imóvel, rosto de mármore, encarando a frente.
Uma moça, então, tomou a palavra:
- Peço à todos que fiquem de pé para receber o milésimo sexto julgamento do Congresso dos Vampiros.
Todos obedeceram exceto nós três.
Eu ia me levantar, mas meu avô me impediu.
Um silêncio fúnebre caiu sobre nós e foi proporcional à escuridão que nos envolveu – droga de truques hollywoodianos, só estavam me deixando com mais medo – apenas algumas velas iluminavam uma mesa com dez cadeiras.
Para completar o espetáculo, nove encapuzados entraram no salão. Estremeci com o poder que partia deles, uma força maligna e antiga que eu nunca antes presenciara. Se antes eu estava com medo, agora estava aterrada!
Um silêncio fúnebre caiu sobre nós e foi proporcional à escuridão que nos envolveu – droga de truques hollywoodianos, só estavam me deixando com mais medo – apenas algumas velas iluminavam uma mesa com dez cadeiras.
Para completar o espetáculo, nove encapuzados entraram no salão. Estremeci com o poder que partia deles, uma força maligna e antiga que eu nunca antes presenciara. Se antes eu estava com medo, agora estava aterrada!
Eles ocuparam seus lugares – e como em horas de apuros, sempre os pensamentos mais ridículos surgem, fiquei imaginado o porquê de dez cadeiras para nove anciãos.
- Fique calma, minha princesa.
- Fique calma, minha princesa.
O encapuzado, sentado na última cadeira da esquerda, ergueu-se:
- Senhores, senhoras, queiram sentar-se, por favor.
- Senhores, senhoras, queiram sentar-se, por favor.
Os vampiros sentaram-se.
- Assim como já foi dito aqui, hoje, um crime contra a nação vampira será reparado: Uma assassina, uma destruidora de almas, será condenada!
- Assim como já foi dito aqui, hoje, um crime contra a nação vampira será reparado: Uma assassina, uma destruidora de almas, será condenada!
Estremeci e não ousei me mover. Minha garganta estava seca, tão seca quanto o deserto. Acho que até um camelo devia ter passado por lá dado o gosto ruim.
- Esta noite, a justiça será feita!O encapuzado sentou-se e chamou, com voz imperiosa:
- Gabriel! O vampiro levantou-se e perguntou:
- Esta noite, a justiça será feita!O encapuzado sentou-se e chamou, com voz imperiosa:
- Gabriel! O vampiro levantou-se e perguntou:
- Pois não?- A garota está presente?- Está sim, Isaak.
Um ruído de indignação tomou conta de todos.
Um ruído de indignação tomou conta de todos.
Droga!
- Se a acusada está presente, que se aproxime e apresente-se ao Congresso!
Eu daria qualquer coisa para ser uma mosquinha e sair voando dali.
Meu avô mandou:
- Levante-se, Holly!
Ergui-me, contrafeita. Isaak pareceu sorrir, pois percebi o leve brilho de seus caninos muito brancos:
- Uma criança!
As pessoas mais ao fundo ficaram de pé para me ver.
As pessoas mais ao fundo ficaram de pé para me ver.
Uma grande atração. A brilhante peça do Teatro dos Vampiros.
- Uma pirralha!
- É aquela moleca que vimos do lado de fora! Desgraçada!
Os outros membros do Congresso ver dentro da minha alma. Era assustador.
Uma voz feminina, disse caustica:
- Que se iniciem as acusações!
- Que se iniciem as acusações!
***
- Serena, você está bem?
- Estou sim... Só estou um pouco cansada.
A encarei:
A encarei:
- Você devia ter ido se alimentar...
- Com a quantidade de vampiros nas ruas, Baltazar, que chances eu, uma simples Sombra teria de encontrar uma vítima decente? – disse ela, sorrindo.
- Você sabe muito bem que precisa de sangue todas as noites, tia.
Ela encolheu os ombros levemente, com ar infantil. Um vampiro passou por nós, seguindo na direção do Parlamento.
- Por que não entramos? – perguntei.
Ela encolheu os ombros levemente, com ar infantil. Um vampiro passou por nós, seguindo na direção do Parlamento.
- Por que não entramos? – perguntei.
- Seria loucura. Está tudo silencioso, vamos esperar os outros e nos preocupar apenas quando a barulheira começar.
Olhei para a avenida, não havia nenhum ser humano a vista, nem vivo, nem morto.
Olhei para a avenida, não havia nenhum ser humano a vista, nem vivo, nem morto.
- Meu pai é louco por trazer minha filha pra cá. Ele vai me pagar. - continuou minha tia, visivelmente irritada.
Assenti e coloquei as mãos nos bolsos. Estava armado com uma espada de prata e com uma automática especial, que eu ganhara de um amigo no Brasil.
Não via a hora de entrar no matadouro!
Um carro começou a aproximar-se de nós. Estacionou e as portas foram abertas:
- O que ele está fazendo aqui? – perguntou o moleque Scott assim que me viu.
- Olá pessoal. Tudo bem com vocês?
- Estamos sem tempo para essas bobagens. – falou Ricardo – Nós vamos entrar.
- Certo, nós precisamos apenas... - Você fica, mãe.- O quê?- Você precisa se alimentar, tia. – falei.
- Vocês acham que estão falando com quem? – Serena pareceu zangar-se – Eu vou entrar, já disse!
Ricardo virou-se para Marta e disse:
Ricardo virou-se para Marta e disse:
- Você fica com a minha mãe aqui fora, entendeu? Cuide para que ela se alimente.
- RICARDO!
Ele aproximou-se de Serena e beijou-a de leve no rosto:
- Por favor, não seja teimosa. Vá se alimentar.
Ela virou o rosto como uma menina mimada que foi contrariada.
Rick sorriu:
- Vamos entrar!
***
- Gabriel, você foi o membro do Congresso escolhido para defender a acusada, estou certo?
- Sim, Isaak. – Gabriel sorriu para mim. Eu poderia imaginar aquele lindinho de olhos azuis como qualquer coisa, exceto como Ancião do Congresso.
- Então, você e a acusada queiram aproximar-se da mesa.
Ele me olhou com uma tentativa de encorajamento.
Ele me olhou com uma tentativa de encorajamento.
Segui-o.
Parecia que minhas pernas pesavam uns cem quilos cada.
Os vampiros que assistiam começaram a vaiar-me.
Alguns gritavam e xingavam. Pude ouvir uma vampira falando:
- Enforquem essa vadia, como fizeram com a tia dela!
- Deixem que ela morra de inanição! – berrou a freira.
Tentei parecer o mais segura que pude (um tanto complicado nas circunstâncias), palavras não poderiam ferir-me (se alguém sugerir levar um dicionário na cabeça, juro que mato!). Um dos vampiros da primeira fila segurou-me pela barra da saia:
- Solte-me! – ordenei, virando-me contra ele com os caninos à mostra.
Ele obedeceu e o resto da assistência calou-se. Eles deviam estar esperando que eu suportasse xingamentos e pedradas! Como se eu devesse baixar a cabeça a um bando de porcos covardes que se escondiam por trás dos mais fortes! Que viessem! Eu ia mostrar-lhes o que era o poder dos Nights!
Ao vê-los em silêncio, não pude deixar de sorrir.
Ao vê-los em silêncio, não pude deixar de sorrir.
Era um sorriso de puro triunfo que fez meu avô olhar-me espantado. Dei as costas àquele bando de hienas e fui até a mesa do Congresso com Gabriel.
- Antes de começarmos, - disse uma mulher sentada ao lado de Isaak -Gostaria de dizer alguma coisa, Lady Nights?
- Gostaria que parassem de me chamar de Lady Nights. Se não for incômodo, chamem-me de srta. Master.
- Se nega a receber seu título? – perguntou um vampiro.
- Antes de começarmos, - disse uma mulher sentada ao lado de Isaak -Gostaria de dizer alguma coisa, Lady Nights?
- Gostaria que parassem de me chamar de Lady Nights. Se não for incômodo, chamem-me de srta. Master.
- Se nega a receber seu título? – perguntou um vampiro.
- Sua falsa humildade não nos provoca piedade, menina! Quer ganhar nossa simpatia, recusando-se a ser julgada como Lady Nights! Quanto fingimento barato! – disse uma outra vampira, sentada na ponta direita da mesa.
Encarei-a:
- Quem está sendo julgada sou eu, não minha mãe que é a verdadeira Lady Nights. Além do que, você não pode acusar-me de fingimento! Nem sequer mostra o próprio rosto! – sorri – Ou é muito covarde, ou muito feia!
- SUA MOLECA! – ela levantou-se, furiosa, e o capuz escorregou de sua cabeça, mostrando uma das vampiras mais lindas que eu já havia visto.
- Silvia, já basta! – falou Isaak. A vampira sentou-se novamente – Enquanto à você, mocinha, não tem respeito pelo Congresso ou pelo seu próprio julgamento?
- Eu até teria se isso aqui fosse um julgamento justo, mas isso é um circo! E os palhaços estão na platéia!
- Silvia, já basta! – falou Isaak. A vampira sentou-se novamente – Enquanto à você, mocinha, não tem respeito pelo Congresso ou pelo seu próprio julgamento?
- Eu até teria se isso aqui fosse um julgamento justo, mas isso é um circo! E os palhaços estão na platéia!
Os vampiros explodiram em gritos e vaias, e meu avô parecia à beira de um ataque. Até eu mesma estava surpresa com minha ousadia. Ela chegava às margens da burrice! Era sempre assim comigo: morria de medo de enfrentar o perigo, mas quando era colocada frente à frente com ele, perdia a noção completamente!
Fora assim quando eu enfrentara Bartolomeu Kirian, e estava sendo assim agora.
- Silêncio! – Isaak parecia realmente zangado. Virou-se para Silvia – O que você está fazendo sem o capuz? – ri e ele me encarou, furioso – Nenhum de nós deve mostra o rosto a um acusa...
- Poderíamos reconsiderar essa regra, Isaak – disse Gabriel – Afinal, o defensor mostra o rosto, por que não os acusadores?
- Isso é diferente! – Isaak me olhou e estremeci – Voltemos ao que interessa! Jacob, as acusações!
- Isso é diferente! – Isaak me olhou e estremeci – Voltemos ao que interessa! Jacob, as acusações!
Um baixinho careca subiu ao palanque, pigarreou levemente, ajustou óculos minúsculos e começou:
- A jovem acusada, Holly Elizabeth Nights Master, 21 anos, figurante entre vampiros de classe nobre, padrão de poder negro – ouvi murmúrios de admiração. Hum... O que tinha isso de tão admirável? – Tem como maiores acusações as seguintes...
- A jovem acusada, Holly Elizabeth Nights Master, 21 anos, figurante entre vampiros de classe nobre, padrão de poder negro – ouvi murmúrios de admiração. Hum... O que tinha isso de tão admirável? – Tem como maiores acusações as seguintes...
Ele desenrolou um imenso rolo de papel. Reclamei, indignada:
- Não pode ser tudo isso!- Oh não, minha querida – disse Silvia, meio que rindo, os olhos de esmeralda faiscando – Essas são apenas as acusações mais graves.
- Não pode ser tudo isso!- Oh não, minha querida – disse Silvia, meio que rindo, os olhos de esmeralda faiscando – Essas são apenas as acusações mais graves.
Olhei para Gabriel:
- Eles estão brincando, não estão?
Ele sorriu:
Ele sorriu:
- Receio que seja melhor você sentar-se.
Eu estava ferrada!
Eu estava ferrada!
\o\ o /o/
***
-... E todas essas acusações também podem ser estendidas ao vampiro chamado Baltazar Nights, primo, cúmplice e amante da acusa...
- Ele não é meu amante – resmunguei, carrancuda.
Um vampiro da mesa sacudiu os ombros:
- Não? Quando ele será julgado? Posso defendê-lo se for o caso...
- Dariel, menos, por favor – Isaak me olhou – O que tem a dizer sobre tudo isso, menina?
- Senhor, - levantei-me do banco onde sentara para ouvir as acusações - sou realmente culpada pela quebra do lacre e pela criação dos Sombras. Não posso dizer que sinto muito, pois de nada adiantaria e seria a atitude mais hipócrita que eu poderia ter diante desse tribunal. – Isaak, eu podia perceber, me observava atentamente – Mas se os senhores me derem algum tempo, darei um jeito em tudo, estamos...
- Acha que é tão simples assim? – perguntou Silvia – Enquanto às vidas que você tirou? Na minha opinião, você não merece menos que a morte!
- Ainda não está na hora da sentença, Silvia – disse Gabriel.
- Ele está certo, Sil. Prossiga, menina.
- Obrigada – certo, eu estava com um pouco de vantagem. Isaak era justo e ao menos me deixaria falar – O que poucos dos senhores sabem é que pessoas que amo também foram atingidas pela minha imprudência. Eu sei que sou a responsável e por isso, tenho que encontrar a cura. Sei que prejudiquei muita gente com meu rompante de egoísmo, mas... Ora, que o primeiro vampiro que nunca desejou o poder que me acuse de qualquer coisa!
Foi um desafio e eu não esperava que alguém aceitasse.
- Belas palavras, mocinha. – disse Isaak.
- É. Belas, porém vazias. – Silvia não gostava mesmo de mim.
Isaak olhou para Gabriel:
- Faça sua defesa, meu amigo.
- Certo. – ele colocou as mãos nos meus ombros – Sente-se, Holl. – sentei-me como ele pedira – O que eu tenho para apresentar está longe de ser uma defesa.
Todos o olharam sem entender, mas de todos, quem estava mais surpresa com essas palavras, era DEFINITIVAMENTE EU!
- Explique-se, Gabriel. – disse Isaak.
- Bem... – ele coçou a cabeça – Andei observando a senhorita Master nos últimos meses – certo... Ele andava me seguindo e eu nem tinha notado. Bela vampira que eu sou! – E ela possui certas qualidades únicas e que poderiam...
- Nós bem sabemos que ela possui habilidades excepcionais e que logo seus poderes ultrapassarão os níveis básicos, mas... – o Ancião de voz metálica falava devagar – Isso não lhe dá o direito de destruir tantas vidas de vampiros nobres!
- Não – respondeu Gabriel – Mas essas qualidades lhe dão o direito à vida.
- BLASFEMIA! – gritou Silvia.
Isaak ergueu a mão pedindo silêncio em meio à bagunça instaurada.
- O que quer dizer com isso? – perguntou ele.
- Quero dizer que se alguém possui o poder de destruir para sempre uma vampira mais experiente e mais velha com as próprias mãos, alguém que teve a coragem de destruir toda a Ordem de vampiros milenares, alguém que mesmo desarmada teve a audácia de enfrentar um julgamento perante aos dez Anciãos do Congresso dos Vampiros, não merece a morte.
- Bobagem! – resmungou Silvia – Uma criança não pode ser tudo isso.
- Silvia, por favor, fique quieta! Continue,Gabriel.
- Ela possui um poder incrível e está ainda aprendendo... Evoluindo. Tenho certeza que muito em breve, ela será mais poderosa do que nós, simples Anciãos.
- Gabriel... Está exagerando. – disse a outra vampira da mesa.
- Não Isabelle. Estou falando muito sério. Gabriel foi até meu avô e pegou algumas folhas de papel, entregando-as para os outros – Isso prova o que eu disse.
Isaak leu os relatórios de Gabriel e devolveu-os sem qualquer reação.
Nesse momento, percebi algo de muito estranho acontecendo. Meu coração disparou... Não podia ser...
- O que me diz, Sebastian? – falou Isaak.
- São fascinantes! – disse um dos outros vampiros à mesa, fazendo o capuz escorregar e apresentando uma lustrosa careca – São resultados incríveis para alguém tão jovem! Pouquíssimos vampiros chegam a esse nível de poder! – os olhos dele brilharam – Se me permitir levá-la ao meu laboratório, para estudá-la mais profundamente...
- Quais as conclusões que você chega lendo esses relatórios, Sebastian?
- Se eu pudesse estudá-la...
- Doutor!
O careca levantou-se e me encarou com olhos cobiçosos.
- É um espécime único... Porém, com os resultados preliminares...
Isaak bufou:
- Ancião!
- Nos próximos cinqüenta anos, a senhorita Master terá deixado o poder “máximo” dos vampiros muito pra trás. Ela... Bem, é quase impossível prever o que será dela após um maior período de tempo...
- Mesmo assim! Ela não merece clemência apenas por ser poderosa! Isaak, ela é uma ameaça! – falou Silvia.
Ameaça?! Eu?! Isso porque ela nunca comeu a minha comida!
- Não a considero uma ameaça – disse Gabriel, pegando-me pela mão – com o treinamento e o incentivo certo...
- O que sugere? – perguntou Isabelle.
- Sugiro que ao invés do extermínio, a senhorita Master torne-se responsabilidade do Congresso e que receba a reserva da próxima vaga para Anciã.
- Como?! – a surpresa era geral.
EU?! No Congresso?!
Olhei para o meu avô e... Descobri que ele deixara o salão.
***
- Como assim admitir-me no Congresso? – perguntei a Gabriel, enquanto os outros nove conferenciavam sobre meu destino.
- Eu a observei muito, minha cara e cheguei à conclusão de que essa é a sua melhor chance. Seus poderes são impressionantes...
- Baltazar...
- Ele é poderoso, mas... O que foi?
Olhei para Gabriel... Na platéia eu sentia a presença de meu primo.
- Não... Não foi nada.
Ele levantou-se e olhou para todos os lados, como que procurando o que me chamara a atenção. Nada.
Apenas um bando de desdentados esperando para saber qual seria o meu destino.
- A sessão está de volta! – anunciou novamente a garota que anunciara o início dos trabalhos.
Os nove voltaram:
- Aproximem-se.
Acompanhei Gabriel. Isaak me olhou:
- Estou realmente surpreso com sua audácia, senhorita Master. Essa é sem dúvida a prova de seu sangue Kirian. Tenha certeza de que a sua coragem e a sua imprudência, apesar de não terem sido bem vistas pelos meus colegas, fizeram subir o conceito que eu tinha sobre a senhorita. Foi um real prazer conhecê-la e ver que os antigos instintos vampiros de sobrevivência não foram completamente extintos entre os mais jovens de nossa espécie.
- Obrigada, senhor.
- Porém... Sua falta de respeito com essa corte apenas demonstram a total falta de disciplina dos assim chamados Nights, os decadentes vampiros que não respeitam nem ao Congresso, nem as antigas regras de nosso povo.
Hum... Certo... Que maldade!
- Senhor, não há motivos para os Nights respeitarem um Congresso que ainda privilegia os vampiros por seu sangue. Como pode notar, apenas os Sombras de sangue fraco foram deixados de pé e os sangue nobre – sorri – foram trazidos para a primeira fila. Além disso, não que eu não seja grata, o Sr. Sitien apenas aceitou me defender porque sou poderosa, se não fosse assim, eu poderia ter sido jogada diante dos senhores sem qualquer proteção. Meus pais me ensinaram a respeitar o que é justo e a julgar os vampiros e os humanos por seus atos, não por seu nível de poder ou seu sangue. Prefiro não respeitar um Congresso que age assim.
- Insolente! – gritou um vampiro, sentado ao lado da garota que não era Silvia.
- Já basta. – Isaak passou a mão pelo rosto. – Depois se muito conversarmos, chegamos a decisão de que a acusada, Holly Elizabeth Nights Master, 21 anos, figurante entre os vampiros de sangue nobre, padrão de poder negro, está oficialmente condenada pela corte do Congresso dos Vampiros!
Houve sons de concordância por toda a assistência.
Senti mais uma vez Baltazar por perto, mas mal prestei atenção, tamanho o meu nervosismo. Isaak pediu silêncio:
- Como sentença, a acusada deverá prestar juramento ao Congresso, imediatamente!
- O que?! – metade dos presentes estava de pé. Mas o grito saíra apenas da minha garganta.- Eu não quero prestar juramento nenhum!
- Não está entendendo, mocinha, você não tem escolha!
- Exceto que prefira a morte – a voz de Silvia estava começando a me irritar.
- Eu não quero prestar juramento. – disse – Mas também não quero morrer. Será que eu posso cantar o hino nacional e cortar o cabelo? Seria um meio termo, não seria?
Isaak não pareceu considerar a minha proposta. Ele já estava de pé e baixando o capuz. Parecia um humano de uns trinta anos. Olhos e cabelos eram claros, mas não me perguntem a cor exata. Seu rosto era extremamente suava e quase sedutor. Ele me olhou nos olhos e senti, de repente, como se adormecesse. Era como se meu corpo estivesse em repouso absoluto na escuridão mais profunda da existência.
Senti braços me envolvendo e senti uma onda de medo me tomou. Pensei na Ordem e em Bartolomeu e Pietro, ambos haviam me mordido e provado do meu sangue...
Despertei naquele momento, assustada.Isaak me abraçava pela cintura com um sorriso assustador nos lábios:
- Durma, criança, não há mais por que ter medo...
O empurrei:- Moço, você não acha que isso é um tanto estranho?
Ele riu.
Senti-me mal.
Assustada. Mas, ao menos eu havia despertado e meu pescoço estava seguro.
- Gabriel.
Gabriel aproximou-se de mim e segurou-me os braços:- Não se preocupe, garotinha. Está tudo bem.
Tentei desvencilhar-me dele, mas ele era muito mais forte do que eu.
-Solte-me. – pedi.
Gabriel sorriu.
Aí, foi que minha sorte pareceu mudar:
Ouvimos um tiro e um pedaço do reboco do teto foi ao chão.
- E aí, parceiros! O que é que tá pegando? – Fill olhava para nós com um imenso chapéu de cowboy caído sobre os olhos e um fiapinho de mato na boca.
Meu irmão e os outros estavam lodo atrás dele.
***
- Como vocês se atrevem?! Estão interrompendo uma reunião seleta e de extre...
- Tá, tá, coroa, a gente já sabe. – disse Scott apontando negligentemente uma automática para Isaak. – Solta a menina que tudo fica resolvido.
Gabriel sorriu para mim:
- Por que você não manda seus amigos te esperarem lá fora?
- Você tá brincando, né? – ele me soltou e eu recuei. O sorriso dele não mudou em nada – Por que eu faria isso?
- Simples – senti algo contra minhas costas. Silvia passou os braços pela minha cintura – Ou você manda, ou morre.
Será que mais alguém percebeu que quanto mais eu rezo mais assombração me aparece?!
- Acha que eu tenho medo de uma velha decrépita, feito você? – perguntei, tentando ignorar a pressão da adaga contra minha pele.
- Moleca imprestável. Quero que saiba que eu vou matar você. Não foi só porque Isaak concordou com o ponto de vista de Gabriel que você vai escapar de mim!
- Deixe minha irmã em paz! – Ricardo subiu ao palanque para me ajudar.
Gabriel cruzou espadas com ele.
- Ele é humano! – disse um Ancião de Cabelos Ruivos.
- Eu acabo com ele em um instante. – falou o de voz metálica.
- Por que você não tenta acabar comigo?
Estremeci ao ouvir aquela maldita voz.
- Baltazar...
- Então esse é o famoso Lord Nights... – comentou Silvia.
- Hum... Ele realmente tem presença... – O que aquele Ancião estava dizendo? Meu primo era... Meu primo.
- E aí, Sereninha, como vai? – ele cruzou espadas com o Voz-Metálica – Acho que Scott tem um presente para você... Recebi de bom grado a espada das mãos do meu amigo.
É isso aí...
It’s the Showtime!
***
Os vampiros na platéia estavam paralisados, mas a uma ordem de Isaak os imbecis caíram sobre meus amigos.
Baltazar lutava contra o vampiro de voz metálica e com mais dois vampiros. Silvia era a minha inimiga e tentava me desarmar de todos os jeitos possíveis.
Fill e Scott eram os nossos pistoleiros.
Na verdade, Fillipe parecia saído de um filme de bang-bang:
- Hirra! – gritou ele, atirando em um dos vampiros de negro que rira de mim – Aí, parceiro, me dá cobertura!
- Pode deixar, mano.
A luta corria bem. Gabriel recuara e deixara meu irmão lutando com um vampiro motoqueiro. Silvia também começou a recuar, parecia que os Anciãos estavam desistindo da batalha...
Exceto pelo vampiro Voz-Metálica que parecia querer acabar com Baltazar.
Tudo poderia ter acabado por ali mesmo, se o desgraçado não tivesse desarmado meu primo e o ferido...
Não é por nada não, mas eu não poderia deixar que o matassem.
Desviei-me de uma loira aguada vestida de líder de torcida e gritei:
- Ei, taquara rachada, por que não bebe um lubrificante?
Ele aparou meu golpe com facilidade, mas eu era muito mais rápida (tá certo... eu seguira o conselho de Baltazar e treinara minha velocidade), e passei por ele, desferindo-lhe um corte no ombro.
O ferimento foi feio, mas ele sorriu:
- Acha que isso vai durar muito tempo? – ele gemeu, aquele machucado não ia cicatrizar – O que você fez? Dei de ombros. O sangue do ferimento era escuro e grosso. Ele não ia se regenerar...
- Maldita!
- Holl, cuidado! – gritou Baltazar se erguendo.
Escapei por um segundo apenas, mas acabei caindo por cima do meu braço – desastre.
A dor foi intensa e minha parcial imobilidade fez com que o Voz-Metálica viesse para cima de mim. Ele foi parado por uma flecha certeira.
Nem precisei olhar para saber quem era.
- Poxa vida! Se não sou eu para livrar a cara das Master...
Sorri para tia Annie e me levantei. Meu braço direito havia saído do lugar e ia demorar um pouco para voltar.
Peguei a espada.
O Ancião voltava para o 2°round.
Baltazar colocou-se ao meu lado e passou as mãos pelos cabelos escuros que lhe caiam sobre os olhos:
- Agora somos nós, né maninha?
- Não me atrapalhe! – sibilei, sem encará-lo.
O Metálico veio para cima de nós. Baltazar atacou-o pela esquerda, mas o ferimento fechou-se quase que de imediato.
- Garoto idiota! – rugiu o vampiro de lata.
- Só agora você percebeu? – tia Annie disparou outra flecha. Ela estava o ponto mais alto do salão, onde poderia atirar sem problemas (ainda bem que ela estava lá!).
O Metalzinho caiu com uma flecha na coxa, os olhos tornando-se cor de sangue.
Baltazar atravessou-lhe a espada pela garganta, mas o movimento não foi bem sucedido:
- IMBECIL! – o Ancião agarrou meu primo e o sangue de lord Nights manchou-lhe os dedos.
Merda!
Ataquei-o pelo lado direito.
A espada entrou-lhe por um ângulo estranho, atravessando o pescoço perto do ombro. Ele gritou de dor, enquanto eu empurrava ainda mais a lâmina. A ponta saiu pelo outro lado, atravessando-lhe o coração.
- Mal... dita...Os olhos dele tornaram-se negros, como carvão e se incendiaram. Buracos surgiram em seu rosto, onde chamas alaranjadas crepitavam. Baltazar e tia Annie olhavam boquiabertos. As lutas ao redor haviam parado.
Imagens estranhas dançavam pelas chamas como se o fogo contasse a história do vampiro. Sangue começou a sair por sua boca, junto com uma fumaça avermelhada e sufocante. Recuei um passo. Baltazar olhou-me com a mão no ferimento da garganta.
Todos me olhavam como uma espécie de aberração, uma ameaça. A maioria dos vampiros já estava fugindo do Parlamento. Os Anciãos se retiraram.
As chamas continuavam a crepitar, consumindo o corpo do vampiro.
Pois muito bem... Sessão encerrada.
\o/
***
Isso ficou imenso! Céus!
Isso ficou imenso! Céus!
Um comentário:
# É muito legal, mas seria mais se eu lesse o resto da história. >:3
# Brincadeira... Se eu pensar que tem um certo capítulo 6 que estou devendo... =p
# Vou ver se não sumo dessa vez. ^^
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